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Eu me arrependi de ter voltado para o Brasil?

Olá riqueza, tudo bem contigo?

Desde que decidi voltar para o Brasil, as pessoas que me acompanham acabam me questionando bastante se eu me arrependi de ter voltado.

O que estou achando de viver no Brasil novamente.

E tudo mais.

Eu resolvi escrever esse texto para responder todas essas dúvidas e falar um pouquinho da minha experiência de ter voltado.

Hoje fazem 3 meses e 11 dias que estou de volta ao nosso Brasil.

Eu costumo dizer que decidir voltar do intercâmbio foi uma das decisões mais difíceis que tive que tomar na minha vida. Eu fiquei em conflito durante muitos meses. Não foi uma decisão que tomei em questão de uma semana. Eu levei meses até entender que era isso mesmo que eu precisava fazer.

No meu caso eu ainda tinha um parceiro nessa caminhada e a vontade dele também entrava na jogada. E para piorar minha crise, ele não queria voltar :(.

Então desde que comecei a questionar minha estadia lá fora, fiquei uns 7 meses em conflito. Eu me apaixonei completamente pela Austrália, quem conhece sabe que é um país incrível. Eu amo Melbourne, a cidade é muito linda, estruturada, com uma super qualidade de vida e isso tudo pesava. Adorava o apartamento onde morávamos, o que tínhamos conquistado até ali.

Amanhecer da nossa sacada em Melbourne
Amanhecer da nossa sacada em Melbourne
Pôr do sol da nossa sacada em Melbourne
Pôr do sol da nossa sacada em Melbourne

Mas tinha 2 coisas muito grandes na minha vida que estavam me fazendo questionar minha vida lá. Meu cachorrinho lindo e amado Bóris, que tinha ficado no Brasil com minha sogra, começou a ficar doente e estava com os dias de vida contados e o segundo, Mulher Rica.

Lá eu ficava muito tempo sozinha em casa, o Luiz tinha longas horas de trabalho e nós trabalhávamos em horários diferentes. Quase não tínhamos tempo de ficar juntos, de curtir a cidade. Estávamos sempre muito cansados por trabalhar muito e em horários absurdos. Tipo, eu trabalhava da meia noite até 5:30 da manhã. Dormia até as 13:30 e assim ia. Era uma rotina exaustiva.

Enquanto eu ficava em casa, ficava acompanhando o Mulher Rica e sentia que eu precisava assumir esse posicionamento. Assumi-lo como meu negócio que tanto amo e sonho fazer crescer.

Nosso custo de vida lá era bem caro, o Luiz tinha que viver estudando para mantermos nosso visto de estudante.

Então morávamos num país maravilhoso, numa cidade incrível, num ap muito legal mas eu não estava feliz com a vida que estava levando.

Então, pra quem tem essa dúvida, ahh eu moro fora do Brasil mas tenho medo de voltar, não sei se volto, se fico, se caso ou se compro uma bicicleta. A minha resposta para essas pessoas é, faça-se as seguintes perguntas: Como está minha vida onde estou morando agora? Essa vida está fazendo sentido pra mim? Estou evoluindo em alguma área da vida? Estou aprendendo algo novo? Tenho projetos em andamento aqui? Tô me sentindo feliz? Tô empolgada com o que ainda tenho pra desbravar?

Se a maioria das respostas dessas perguntas forem SIM, é um ponto de alerta. Talvez não seja a hora de voltar.

E gente, acreditem, não é a questão econômica do Brasil o maior empecilho, isso é onde gostamos de depositar a culpa por não estarmos alcançando nossos objetivos, que são totalmente nossa responsabilidade. O maior desafio é o nosso emocional.

Não espere a situação do país melhorar, não podemos basear nossas decisões em situações que não temos controle. Não depende de nós. Pode levar meses mas também pode levar anos. E você vai adiar por quanto tempo seus sonhos?

Nós voltamos no olho do furacão, poucos dias antes da votação para o impeachment da Dilma, os ânimos estavam exaltados, o povo num pessimismo só.

Me chamaram de louca por isso. Antes de vir, me olhavam com dó, como se eu não tivesse noção do que estava fazendo e fazendo uma burrada ao voltar para o Brasil.

Entendo essas pessoas, é a forma que elas encaram a vida, mas não serve pra mim. Não podia mais deixar que as situações externas guiassem as decisões que faziam sentindo internamente pra mim.

Por isso eu gosto muito de falar aqui no Mulher Rica, você tem que estar conectada com seu interior pra escutar e traduzir o que é realmente importante pra você. É daí que sai a força pra te ajudar a enfrentar os momentos de dificuldades, aquele momento em que ninguém ao teu redor entende e questionam suas decisões, porque aos olhos dos outros é uma loucura, mas elas não sabem o que acontece no seu coração.

Voltar só por causa da saudade da família, amigos e comidinha do Brasil não sustentam sua decisão, depois de uns 2 meses de volta, já matou a saudade, já comeu o que queria, todo mundo tá seguindo com suas vidas e você se depara com uma vida pra recomeçar. Então é preciso vir com muito mais que isso.

Quando é a hora de voltar?

Quando as suas respostas para as perguntas acima forem NÃO e quando você conseguir definir claramente seus objetivos para voltar ao Brasil.

O que quero conquistar no Brasil? No que quero trabalhar? Que vida eu quero ter? Onde vou morar? Quem eu quero ser? Que projetos vou desenvolver? Como posso usar lá o que aprendi aqui fora?

O choque cultural é gigante, o nosso país enfrenta muitas dificuldades, você vai se pegar fazendo comparações o tempo todo. Pra tornar a readaptação um pouco menos difícil, é preciso vir com projetos a serem desenvolvidos, com objetivos que só aqui você conseguiria fazer ou estando aqui torna mais acessível.

Eu vim para ficar com meu lindinho nos seus últimos dias de vida. Ele morreu 1 mês e meio depois que voltamos e ter vivido com ele esses últimos momentos não tem preço. Eu me arrependeria profundamente se não tivesse voltado para vê-lo antes de partir. Eu voltei com o objetivo de investir no meu negócio, que morando lá não me permitia fazer do jeito que queria, voltei para construir minha família, estabilizar minha vida, etc.

Não me arrependi. Não me arrependo.

Foi fácil tomar a decisão? Como tu podes ler aí acima, não. Não foi nem um pouco fácil. Mas eu precisava escolher, eu precisava me posicionar.

Foi fácil recomeçar aqui no Brasil? Ainda estou nesse processo, acredito que o primeiro ano é o mais impactante. No meu caso, como você sabe, estou recomeçando tudo do zero. Montando minha casa do zero, investindo numa carreira nova (abandonei o webdesign). Reconstruindo tudinho. Então não é nada fácil.

Em termos gerais minha vida tava mais “fácil” em Melbourne, mas não estava alimentando minha alma. Não via mais sentido, comecei a sentir que estava perdendo tempo. E isso é o combustível para me dar forças pra seguir firme aqui.

Não foi e nem está sendo fácil recomeçar aqui no Brasil, bate o medo, a insegurança, passa pela cabeça em muitos momentos “E se eu tivesse lá em Melbourne agora…”, sinto falta dos amigos que fiz lá, do ap que morávamos, da cidade incrível, dos parques maravilhosos à 2 minutos a pé de casa, o cafezinho ruim porém muito barato da seven eleven que regavam a maioria dos nossos passeios, do poder de compra, ver que meu dinheiro vale muito. Mas são as decisões que fazemos na vida. Se eu não viesse não poderia construir a vida que sonho aqui pra mim, não poderia me dedicar 100% ao meu negócio como tenho feito, não teria curtido meu gordinho no fim da vida dele, não estaria perto das pessoas que amo, e assim por diante.

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Me arrependo de ter feito o intercâmbio?

Morar fora sempre foi algo muito muito muito importante pra mim. Era um dos maiores sonhos que tinha na vida. Não seria uma pessoa realizada se não tivesse vivido isso. Eu precisava passar por essa experiência. E me sinto completamente realizada por ter vivido. E foi no melhor lugar que poderia ter escolhido. Amei tudo no meu tempo fora de casa. Mas passar esses 2 anos fora implica em muitos outros objetivos na vida. Especialmente profissional e financeiro. Hoje sinto muito o impacto que isso teve na minha vida. Mas eu de certa forma já previa que isso aconteceria. Tanto que o meu desejo era fazer intercâmbio antes dos 30 por imaginar que a partir dos 30 eu teria um tempo ainda para fazer o meu negócio crescer, colocar as finanças nos eixos, casar e construir minha família.

Depois de um intercâmbio, nunca mais somos os mesmos.

Tem que ser um projeto muito bem pensando. Porque não é só simplesmente viajar e viver uma das mais incríveis experiências da sua vida, e sim ver tudo na sua vida tomar um outro rumo. Tem que pensar no durante e depois.

Mas vale muito a pena.

O que estou achando de morar no Brasil?

Encontrei um povo desacreditado, um pouco sem esperanças, triste e pessimista. Isso foi duro. Doeu um tanto. Foi bem complicado encontrar meu lugar por aqui novamente. Mas eu busquei focar toda minha energia nos propósitos que estavam definidos, deixei que meus objetivos me movessem, evitei conversas sobre os problemas intermináveis do nosso país, evitei questionamentos sobre minhas decisões. Fiz alguns encontros de terapia. Conversei muito com o Luiz, encontrei nele muita força. Minha mãe também tem sido uma grande amiga. Amei intensamente meu cachorrinho, cuidei dele de todas as formas possíveis e dei início a uma jornada que enche meu coração de alegria e entusiasmo que é o Mulher Rica. Por isso estou feliz, estou feliz aqui no Brasil nesse momento. Fiz o que meu coração gritava para eu fazer. Estou realizada com meus projetos.

Austrália é um país muito melhor que o Brasil, mas agora, estou muito mais feliz aqui.

É vida que segue minha gente.

Bom, imagino que com esse depoimento eu tenha sanado a maioria das dúvidas das riquetes e espero que possa ajudar quem está passando por esse conflito de tomar a decisão se é hora de voltar ou não.

Fique a vontade de me fazer perguntas. Deixe aqui abaixo nos comentários. Será um prazer respondê-la.

Um beijo e até logo

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